Qual a mensagem da indústria com descontos e prazos exagerados?
Uma pergunta que não quer calar: Qual o recado que a indústria passa aos fornecedores e varejistas quando, depois de constantes altas e escassez de matérias-primas e insumos, anuncia descontos de 30% e até 1 ano para pagar?
Para responder, vou usar um comentário que recebi via whatts: parece que as críticas que vocês fizeram às indústrias de painéis sobre os aumentos de preços não fazia muito sentido, a julgar pelas margens que estão abrindo mão com descontos e prazos... ironizou um executivo de uma fabricante de painéis, mandando junto ao comentário um belo folder com uma promoção de toda a linha de salas com até “1 ano para pagar”. O que eu poderia responder para contestar o seu argumento? NADA. Apenas concordei com ele.
E a mensagem aos lojistas é a mesma. Como podem algumas empresas estar promovendo tamanhas vantagens, enquanto contestam aumentos de preços dos fornecedores?
Contatei com uma das empresas que estão anunciando descontos e pagamento em até 300 dias e perguntei por quê? Esperava um argumento que de fato justificasse tal atitude, quem sabe fluxo de caixa, ou algo assim. Nada. A resposta foi: estamos vendendo menos do que a meta estabelecida e, quem sabe, uma promoção possa ajudar... Simples assim?
Lembrei a ele que as vendas realmente estão baixas, mas a maioria das lojas físicas estão fechadas. E lojista com loja fechada não compra. Esse pode ser o problema das vendas.
Um fabricante, entre muitos que reclamaram destas promoções, escreveu: “Pelo que sei, essas promoções não estão gerando incremento de venda nem perto do esperado. Descontão e prazão não resolvem, e isso se justifica porque a queda, por perda de poder aquisitivo, já era esperada na ponta, mas o reflexo para a indústria seria lento e paulatino. Agora, nos últimos 30 dias houve uma queda brusca (+ de 50%), mas acredito que seja pelo fechamento das lojas e a incerteza do momento de retomada”.
Análise correta, porque a demanda vista no final do ano passado não iria se sustentar. Neste caso, não existe um novo normal. Então, pisar no freio da produção era perfeitamente recomendável, pelo menos até que a pandemia desse uma trégua e as lojas reabrissem para se observar o real comportamento das vendas.
Cá entre nós: Assim como aconteceu em 2010, a indústria vai perder mais uma oportunidade de alinhar margens, como fazem os fornecedores. E não se diga que os preços estão muito altos, pelo menos não até que a situação no País e as lojas voltem à normalidade. É o que eu penso.
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