As feiras devem fazer você conhecer seu novo parceiro de negócios
O comentário da semana anterior repercutiu nos polos moveleiros e vários empresários entraram em contato para comentar o assunto. Entre eles um de Ubá observou que o maior problema é que quando uma – ou algumas empresas cometem erros, isso contamina o polo inteiro. E lembrou o polêmico caso sobre o uso de madeira ilegal em 2011, com repercussão na mídia em todo o País. Todos que usavam madeira maciça tiveram que dar explicações aos clientes.
Outro empresário de São Bento do Sul, maior polo exportador do País, lembrou das dificuldades que enfrentou para conquistar o mercado interno porque os lojistas que visitava tinham receio de comprar de uma empresa que poderia deixá-los na mão e preferir exportar quando o câmbio favorecesse.
De fato, fazer parte de um polo tem vantagens e desvantagens, mas, é verdade que nenhum polo desenvolveu estratégias de marketing comuns como ser a capital da cozinha, o maior produtor de racks e estantes, o mais premiado em design... e assim por diante, para promover o lado bom do polo.
Tenho sido provocado, há algum tempo, a tratar aqui sobre as feiras de móveis no Brasil e, com a pandemia a pergunta é: qual o futuro das feiras ou – os mais céticos – as feiras têm futuro?
Pra começar, nestes meses de pandemia temos visto muitas experiências com feiras virtuais pelo mundo todo, mas os resultados não são bons. Uma pesquisa recente mostra que 70% dos organizadores de feiras virtuais recuperarão de zero a 25% do faturamento dos eventos presenciais. E ninguém sobrevive com 25% das receitas.
Mas a questão mais importante não é essa. O problema é que as feiras seguem um modelo antigo que gosta de ficar velho. Funcionava bem há 40 ou 50 anos atrás. Fazia sentido participar de uma feira como a Fenavem, por exemplo. Era tudo o que fabricantes e lojistas precisavam: Maior exposição da marca, Uma oportunidade de se conectar com o público, fortalecimento da credibilidade da marca, oportunidade para networking, aumento das vendas, construção de alianças de negócios.
E pouco importava se existiam filas enormes para entrar, pouco conteúdo promocional, expositores com bonitas recepcionistas para colocar o lojista em seu estande, quantidades não controladas de bebidas durante e depois da feira, visitantes sem grande potencial de compra apenas atrás de brindes, cansaço do lojista para ver tudo o que seria sucesso de vendas durante todo o ano.
Mas o tempo passou, surgiu uma infinidade de feiras com o mesmo modelo, porque, na verdade, as feiras de negócios não querem, não gostam, não desejam mudar. Pelo menos tem sido assim até agora.
Então, está faltando um propósito geral. A pergunta é: o que a feira de negócios está tentando alcançar?
Para atrair visitantes qualificados é preciso oferecer muito mais. Os organizadores de feiras comerciais, com visão de futuro, precisam se perguntar por que fazem certas coisas.
As feiras do futuro, na minha opinião, são aquelas que mudam vidas, estimulam comunidades, tornam o mundo melhor. Os eventos precisam dar aquela percepção do que você não esperava; os eventos devem fazer você conhecer seu futuro parceiro de negócios.
Aos que me perguntam se as feiras de negócios acabaram? Absolutamente não. Mas os organizadores de feiras precisam mudar, impulsionados pela incrível mudança em nossa sociedade, economia e ambiente tecnológico. Os participantes devem ter novos motivos para comparecer a feiras. Precisamos capitalizar esta enorme oportunidade de ser uma reunião melhor, mais forte e mais significativa.
Não desconheço a importância do digital, do virtual, afinal nos informamos assim – eu estou num ambiente digital – compramos assim, vendemos assim, é fato, mas... cá entre nós: Parece que quanto mais nos envolvemos digitalmente, mais ansiamos pelo toque humano. Um primeiro encontro, um rosto, um aperto de mão, um encontro físico: isso fica na memória.
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