Ricardo Eletro deve voltar ao varejo físico com nova marca
Após conseguir reverter na Justiça o processo de falência em meados do ano passado e retomar as operações de marketplace nos meses seguintes, a mineira Ricardo Eletro, controlada pela Máquina de Vendas, pretende agora voltar ao varejo físico. A empresa vai abrir duas lojas em fevereiro – uma em Belo Horizonte e outra em Pedro Leopoldo (RMBH) – e planeja mais dez no decorrer de 2023. As novas operações estarão sob a marca “Nossa Eletro” e serão inauguradas em meio ao caos provocado pelo rombo bilionário na gigante Americanas.
Para isso, porém, a Ricardo Eletro tenta reaver, também na Justiça, recursos da ordem de R$ 1,7 milhão que foram bloqueados durante o período falimentar. Ou, pelo menos, R$ 500 mil, que seriam necessários para financiar a abertura dos três pontos de vendas iniciais.
Quem conta é o CEO da Ricardo Eletro, Pedro Bianchi, atual presidente e controlador da Máquina de Vendas. “Se conseguirmos o valor integral, mais rapidamente conseguiremos retomar a força da empresa. Já mapeamos alguns pontos em Belo Horizonte e na região metropolitana, como também em Salvador e na região Leste de São Paulo – que será, inclusive, algo inédito”, diz.
O argumento perante a Justiça, conforme o executivo, tem sido pautado pelos impactos econômicos que as operações irão gerar, como contratação de funcionários, aquisição de produtos e mercadorias para venda e formação de estoque, bem como o apoio à formação de caixa para o cumprimento dos compromissos firmados na recuperação judicial em relação à maximização de faturamento e ao pagamento dos credores.
Ainda segundo Bianchi, como o retorno da Ricardo Eletro foi viabilizado por uma decisão judicial, existe o risco de uma nova reversão. Porém, “a empresa está confiante na razoabilidade e na sensibilidade da Justiça brasileira, principalmente ao considerar o momento que tanto o Brasil quanto o mundo vivem de recuperação econômica pós-pandemia”.
“Esperamos que todos esses fatores sejam levados em consideração tanto para a manutenção da empresa quanto para a liberação dos recursos”, defende.
As duas primeiras lojas já previstas serão exclusivas do grupo. Já as demais serão abertas em parceria com um grande varejista. A ideia é dividir os custos operacionais, de forma a viabilizar as operações. A Ricardo Eletro vai ficar responsável por móveis e eletrodomésticos e a empresa parceira com a parte de vestuário. Assim, as duas operações iniciais contarão apenas com a parte de mobília e eletro. Segundo o CEO, o objetivo é focar na comercialização de móveis, em função do maior valor agregado.
Ricardo Eletro retoma operações no varejo online
O site da companhia foi retomado em novembro do ano passado e já conta com 10 mil produtos cadastrados. O número de visitas mensais chega a 25 mil. Valores da retomada do e-commerce não foram revelados. Mas Bianchi ressalta a parceria com a CaZco Digital, que viabilizou o canal em apenas 21 dias.
“Ainda vivemos com poucos recursos e estamos investindo aos poucos para remontar a empresa. Apenas no marketplace faturávamos de R$ 50 mil a R$ 60 mil por dia. Tudo o que construímos foi descontraído com o processo de falência e agora precisamos reconstruir”, diz.
Em relação à logística, o executivo conta que a empresa fez uma parceria com um centro de distribuição (CD) que está localizado em Belo Horizonte e a estrutura será utilizada como principal canal de distribuição para as lojas não apenas do Estado como também de São Paulo e Bahia. “Queremos utilizar Minas como força da refundação da empresa”, frisou.
O que aconteceu com a Ricardo Eletro?
A Ricardo Eletro foi fundada em 1989 pelo empresário Ricardo Nunes, no interior de Minas Gerais. A empresa chegou a ter 1,2 mil lojas e a faturar R$ 9,5 bilhões. No auge das operações ocupava grande fatia do mercado ao lado de gigantes como Casas Bahia, Ponto e Magazine Luiza.
Com uma dívida superior a R$ 4 bilhões, a empresa entrou com processo de recuperação judicial em agosto de 2020. O plano foi aprovado em setembro de 2021 por 75% dos credores, mas ainda aguarda homologação.
Em 2022, a Justiça decretou a falência da empresa por três vezes, todas posteriormente revertidas. A última delas resultou na retomada do e-commerce meses depois.
Na época, a Máquina de Vendas afirmou ao DIÁRIO DO COMÉRCIO que entendia que a fase mais difícil de seu processo de recuperação judicial havia acabado com a aprovação da assembleia de credores. E que o foco estava voltado para a estabilidade operacional e aumento de faturamento da companhia.
A meta era encerrar 2022 com faturamento (GMV) mensal acima de R$ 100 milhões. O resultado, no entanto, não foi atingido, segundo Bianchi. “A falência causou um breque na empresa. Tivemos que parar tudo. Estamos retomando do zero, o que faz com tenhamos expectativa realista de faturar 50 milhões em 2023”, revela.
(Com informações Diário do Comércio)
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