Ricardo Meireles faz análise do 1º quadrimestre do ano
Por Edson Rodrigues
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15 de Maio 2013
Atividade da Indústria
Meirelles afirma que os problemas enfrentados pelo setor da indústria, como baixa qualificação da mão-de-obra disponível frente às exigências cada vez mais sofisticadas num mundo eletrônico, digital e globalizado; além de legislação trabalhista onerosa que adiciona peso sobre aquele fator e estrutura tributária complexa, já existem a muito tempo. “Sem falar na guerra fiscal entre Estados da federação; propostas de solução que tramitam no Congresso já duram décadas”, acrescenta.
A atividade da indústria, diferentemente de boa parte dos setores de serviços, enfrenta concorrência externa. E ao sofrer essa concorrência estão também vinculados aos problemas das variações nas taxas de câmbio. “Nos dois grandes eventos recentes e subsequentes, o boom das commodities e o boom da entrada dos capitais estrangeiros na economia brasileira, o efeito de valorização do câmbio só atrapalhou a indústria”, explica o diretor.
“Tema indiretamente relacionado ao enfraquecimento da indústria e hoje também em foco é a pressão inflacionária dos últimos trimestres. Já dizia J.M. Keynes que a inflação, de certa maneira, é função de ‘too much money chasing too few goods’; em outras palavras, muita demanda para pouca oferta”, comenta Meirelles. Segundo ele, o mercado de trabalho continua aquecido, como pode se verificar nos indicadores recordes de baixo desemprego e a renda real também tem se elevado acima do nível de atividade nos últimos anos. “Parece, portanto, que os índices de preços representem bem a afirmação de Keynes”, complementa.
Para o diretor, diante da atual situação, o Banco Central só tem uma possibilidade de atuação: elevar suas taxas de juros nominais para que o juro real, aquele nominal menos a inflação, retome seu patamar de equilíbrio. “Neste sentido, a elevação de juros do Banco Central deveria ser suficiente para não só recolocar o juro real em seu patamar de equilíbrio, mas também de inibir as subsequentes elevações de preços da economia.”, completa.
Varejo
Na opinião de Meirelles, o setor do varejo deverá ter crescido, na média, 4% neste primeiro quadrimestre, valor muito menor do que aquele do primeiro quadrimestre de 2012, quando na mesma comparação, o varejo cresceu 9,2%.
“A desaceleração do setor varejista é explicada em boa parte pela perda do poder de compra dos consumidores com a alta nas taxas de inflação. O indicador de abril do IPCA, o índice oficial de preços, ficou em 0,55%, acima das expectativas do mercado. Em doze meses, o IPCA continua situado muito próximo ao teto da meta, 6,49%. Em 2013, tanto o reajuste do salário mínimo quanto os dissídios coletivos das diversas categorias não tem conseguido grandes ganhos reais, diferentemente dos anos anteriores.”, explica Meirelles.
Para o diretor, a alta de preços com perda de poder aquisitivo aliada a uma oferta de crédito mais restritiva por parte dos bancos faz com que o cenário de crescimento do consumo, e das vendas do varejo, deva reduzir-se significativamente em relação aos números de 2012. “Na GS&MD-Gouvêa de Souza, nossas projeções para o crescimento do varejo restrito em 2013 estão atualmente próximas de 5%. A confirmar”, finaliza.
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