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Ricardo Meireles faz análise do 1º quadrimestre do ano

Por Edson Rodrigues - 15 de Maio 2013
Em artigo divulgado pela GS&MD, Ricardo Meirelles, diretor do Núcleo de Estudos & Projeções Econômicas da empresa, fez uma análise sobre o primeiro quadrimestre de 2013. Segundo ele, no final de maio, o IBGE divulgará o resultado do PIB para o primeiro trimestre do ano, devendo mostrar um crescimento melhor do que aqueles apresentados em 2012. “Tal melhora acontece em função do bom momento da agricultura da região Sul com sua superprodução de soja e do setor de serviços, varejo incluso, ainda com certo ritmo de atividade; no geral, o PIB deverá crescer 2,2% em relação ao mesmo trimestre de 2012”, diz.

Atividade da Indústria


Meirelles afirma que os problemas enfrentados pelo setor da indústria, como baixa qualificação da mão-de-obra disponível frente às exigências cada vez mais sofisticadas num mundo eletrônico, digital e globalizado; além de legislação trabalhista onerosa que adiciona peso sobre aquele fator e estrutura tributária complexa, já existem a muito tempo. “Sem falar na guerra fiscal entre Estados da federação; propostas de solução que tramitam no Congresso já duram décadas”, acrescenta.

A atividade da indústria, diferentemente de boa parte dos setores de serviços, enfrenta concorrência externa. E ao sofrer essa concorrência estão também vinculados aos problemas das variações nas taxas de câmbio. “Nos dois grandes eventos recentes e subsequentes, o boom das commodities e o boom da entrada dos capitais estrangeiros na economia brasileira, o efeito de valorização do câmbio só atrapalhou a indústria”, explica o diretor.

“Tema indiretamente relacionado ao enfraquecimento da indústria e hoje também em foco é a pressão inflacionária dos últimos trimestres. Já dizia J.M. Keynes que a inflação, de certa maneira, é função de ‘too much money chasing too few goods’; em outras palavras, muita demanda para pouca oferta”, comenta Meirelles. Segundo ele, o mercado de trabalho continua aquecido, como pode se verificar nos indicadores recordes de baixo desemprego e a renda real também tem se elevado acima do nível de atividade nos últimos anos. “Parece, portanto, que os índices de preços representem bem a afirmação de Keynes”, complementa.

Para o diretor, diante da atual situação, o Banco Central só tem uma possibilidade de atuação: elevar suas taxas de juros nominais para que o juro real, aquele nominal menos a inflação, retome seu patamar de equilíbrio. “Neste sentido, a elevação de juros do Banco Central deveria ser suficiente para não só recolocar o juro real em seu patamar de equilíbrio, mas também de inibir as subsequentes elevações de preços da economia.”, completa.

Varejo


Na opinião de Meirelles, o setor do varejo deverá ter crescido, na média, 4% neste primeiro quadrimestre, valor muito menor do que aquele do primeiro quadrimestre de 2012, quando na mesma comparação, o varejo cresceu 9,2%.

“A desaceleração do setor varejista é explicada em boa parte pela perda do poder de compra dos consumidores com a alta nas taxas de inflação. O indicador de abril do IPCA, o índice oficial de preços, ficou em 0,55%, acima das expectativas do mercado. Em doze meses, o IPCA continua situado muito próximo ao teto da meta, 6,49%. Em 2013, tanto o reajuste do salário mínimo quanto os dissídios coletivos das diversas categorias não tem conseguido grandes ganhos reais, diferentemente dos anos anteriores.”, explica Meirelles.

Para o diretor, a alta de preços com perda de poder aquisitivo aliada a uma oferta de crédito mais restritiva por parte dos bancos faz com que o cenário de crescimento do consumo, e das vendas do varejo, deva reduzir-se significativamente em relação aos números de 2012. “Na GS&MD-Gouvêa de Souza, nossas projeções para o crescimento do varejo restrito em 2013 estão atualmente próximas de 5%. A confirmar”, finaliza.

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