Robôs ameaçam empregos nas fábricas de móveis
De acordo com o novo relatório do Overseas Development Institute (ODI), robôs ameaçam as vagas de trabalhadores tanto em países subdesenvolvidos quanto desenvolvidos. Analisando especificamente a economia da fabricação de móveis, o relatório aponta que os países africanos perderão sua vantagem comercial (custo atrativo de mão de obra) em relação aos países avançados, dentro de 15 anos.
Países como China e Coreia do Sul se desenvolveram rapidamente e foram transformados em polos de produção com mão de obra barata para empresas ocidentais. Apesar desta ser a opção mais utilizada atualmente, alguns economistas questionam se, no futuro, será possível manter essa rota para atender as próximas nações em desenvolvimento na América Latina e na África. Nesse sentido, os robôs podem possibilitar que seja tão barato produzir mercadorias nos Estados Unidos ou na Europa quanto terceirizar no exterior.
“Acredita-se que a automação não irá substituir a produção intensiva de mão de obra e exportação nos países mais pobres devido ao alto custo dos robôs. Entretanto, nossa pesquisa mostrou que essa perspectiva é excessivamente otimista. Atualmente, o custo de operação de robôs na fabricação de móveis ainda é maior do que o trabalho, mas isso não ocorrerá em 15 anos”, diz Dirk Willem te Velde, um dos autores do relatório.
Pensando nisso, o Overseas Development Institute incentiva os países africanos a investir em indústrias menos suscetíveis à automação, como alimentos, bebidas, roupas e metais. E recomenda que os trabalhadores busquem habilidades digitais, para que a divisão digital entre países ricos e pobres não se expanda mais do que atualmente.
Entretanto, alguns economistas acreditam que considerar os robôs como ameaça é um exagero. É mais provável que as máquinas substituam algumas das tarefas que compõem os trabalhos do que as posições por completo. O argumento usado é que os robôs estão se tornando mais sofisticados – menos como ajudantes de conveniência e mais como seres humanos que sentem, pensam e agem. Os países em desenvolvimento tendem a fazer manufatura menos avançada, tornando-os particularmente vulneráveis à automação. Inclusive, uma análise da Universidade de Oxford e do Citigroup apontou que 87% dos empregos na Etiópia poderiam ser informatizados dentro de duas décadas.
A Adidas, por exemplo, desenvolveu duas “fábricas velozes” em Ansbach, na Alemanha, e em Atlanta, nos Estados Unidos, onde agora são produzidos sapatos em impressão 3D. Segundo o relatório, o investimento resultou em 160 novos postos de trabalho, mas também causou a perda de 1.000 empregos no Vietnã.
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