IMG-LOGO

Eleja as 20 melhores marcas de fornecedores e indústrias de móveis e colchões

INDÚSTRIA FORNECEDOR

Romera prevê R$ 80 milhões em aportes

Por Marina - 14 de Maio 2018

A varejista de móveis e eletrodomésticos Romera, com sede em Arapongas, no Norte do Paraná, entrou com pedido de recuperação judicial após acumular dívidas de R$ 130 milhões, valor distribuído entre fornecedores (90%), bancos (7%) e funcionários (3%). O pedido foi protocolado no dia 2 de maio na 2ª Vara de Arapongas e foi feito pelo novo proprietário da empresa, Walter Nicolau Filho, que adquiriu em março o negócio fundado pela família Romera.

 

Em entrevista à Móveis de Valor, Nicolau Filho afirmou que um dos pré-requisitos da compra foi justamente a Recuperação Judicial. Caso o pedido seja aprovado, a medida garante proteção aos investimentos que a companhia deve receber. “Com a recuperação judicial esperamos garantir um plano em que possamos estruturar aportes de até R$ 80 milhões, que viabilizarão as operações focadas em produtividade e margens”. Sem a RJ, esses investimentos acabariam sendo utilizados para pagar dívidas executadas e não viabilizaria a recuperação da empresa, explica o novo proprietário.

 

Desde que assumiu a companhia, Nicolau Filho informa que uma série de medidas foram tomadas para viabilizar a recuperação da empresa: do encerramento das atividades da fábrica da Romera, redução do número de lojas, corte de quadro de pessoal até terceirização de serviços. Com as medidas, Nicolau Filho acredita que cerca de R$ 2 milhões já estão sendo economizados mensalmente. 

 

Essas medidas só foram possíveis após uma longa análise da gestão da empresa. "Após uma profunda e minuciosa avaliação do caixa e operações junto com a Corporate Consulting, empresa contratada para dar apoio técnico à nova diretoria da Romera, foi constatado que o foco [da Romera] estava voltado mais no faturamento do que na rentabilidade, modelo que deixou de funcionar quando o mercado desaqueceu”, explica Nicolau Filho.

 

Luis Alberto Paiva, presidente da Corporate Consulting, explica que toda a base do crescimento da Romera, ao longo dos anos, foi feita por meio de endividamento. “Isso levou a empresa a uma dívida muito grande e, como o setor de móveis já passa por dificuldades há bastante tempo, o mercado financeiro vinha restringindo o crédito ao grupo”, afirma.

 

O especialista complementa que ao longo dos últimos dois anos, a Romera liquidou R$ 200 milhões em passivos. “Liquidando passivos e dívidas, começou a faltar dinheiro para recomposição do caixa e dos estoques. Com a falta de estoques, tentaram realizar a venda da companhia para os grandes players do mercado”, acrescenta. 

 

Paiva afirma que Nicolau Finho já tinha interesse em adquirir a companhia antes, mas pelas análises feitas, concluiu que era impossível fazer rolagem de dívida, porque ela já vinha fazendo parcelamento de débitos com mais de 30 fornecedores estratégicos. “Além de ter de pagar a dívida com esses fornecedores, tinha de comprar à vista deles. Então, a empresa se descapitalizava na ordem de R$ 10 milhões ao mês, só com compra de móveis e eletro. Fora isso, a empresa não vinha cuidando adequadamente da gestão, o que gerou um prejuízo operacional muito grande, colocando mais alguns milhões na conta. O resultado final é que ela vinha se descapitalizando ao mês na casa de R$ 20 milhões e não conseguia se recompor”, esclarece Paiva.  

 

Nicolau Filho frisa que com o planejamento previsto e as estratégias de melhoria de gestão implantadas, a empresa tem condições de recompor-se totalmente. “Hoje, 72% das vendas da Romera são feitas por clientes antigos, uma taxa de fidelização muito alta, o que mostra um posicionamento importante perante o mercado varejista”, completa o novo proprietário sobre as razões de acreditar que a Romera seja um bom investimento. Paiva acrescenta que “a principal meta é, no prazo de 90 dias, reverter as margens da empresa para positivas”.

Comentários