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Sou herdeiro. Como encarar a transição nos negócios da família?

Por Natalia Concentino - 14 de Fevereiro 2022

A sucessão de um negócio familiar é uma questão importante dentro das organizações e deve ser pensada cedo, quando os fundadores ainda estão no comando. Quantos exemplos existem de negócios que se dissolveram após a perda de um fundador ou divórcios que afetaram todo o contexto empresarial. Esta é uma das questões que hoje fazem parte da caldeira de ideias de Diego Simões Munhoz, atual presidente da Caemmun indústria e conectivo de móveis, sediada em Arapongas (PR). “É necessário ter um acordo de acionistas bem desenhado assim como todos os processos dentro da gestão, pois sem isso o negócio pode ter um fim antecipado”, afirma. 

A história na gestão da empresa da família começou quando ele era bem jovem. Com 16 anos, Munhoz teve a oportunidade de terminar o ensino médio fora do país, e no seu regresso quis retribuir a oportunidade. Prestou vestibular para administração de empresas e ingressou na empresa da família. 

Segundo Munhoz, com o passar do tempo e crescimento da empresa, o jovem administrador foi transitando entre vários departamentos e criando outros, como o de comércio exterior. “Fiquei um bom tempo na área comercial visitando e me relacionando com clientes e fornecedores. Em 2009 iniciamos um forte planejamento estratégico e anualmente reforçávamos as novas estratégias. Nesse período me aproximei aos poucos da alta direção e naturalmente com o passar dos anos, fui participando mais ativamente do crescimento dos negócios”, relembra. 

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Alto escalão 

Munhoz conta que nunca existiu um pensamento sobre se tornar o presidente, mas sim de contribuir com o progresso da empresa. Apenas em 2016 essa chave foi virada, quando iniciou um processo para preparar a família. 

“Entendemos que a família deve ser empresarial, acionista, e por conta disso procuramos o processo de mentoria para que todos nós, herdeiros da segunda geração, participássemos. Neste processo, que durou quase dois anos, fizemos a análise de capacidade técnica e competências de cada pessoa para entender onde nós estávamos e onde poderíamos chegar”, explica.  

Munhoz conta que a ideia inicial foi buscar assessoria no processo de governança. Quando a GoNext chegou, consultoria especializada na implantação do sistema de governança corporativa e sucessão em empresas familiares, a preparação para a sucessão passou a ser efetivamente pensada na companhia. 

“Buscamos implantar um conselho para melhorar a tomada de decisão e deixar o papel de cada um bem definido. Com o passar do tempo, fomos aprendendo que a empresa não cresce na proporção que a família cresce: a tendência é que as famílias aumentem, mas o negócio não. E aí existe um problema. Então trabalhar na sucessão, além de todos os outros processos de gestão e governança passou a ser uma prioridade para os fundadores e herdeiros”, aponta Munhoz. 

Com a metodologia aplicada, a questão da sucessão foi acelerada. “Os fundadores tiveram muita sabedoria, pois usaram o lema de que ‘o dono do avião não precisa ser o piloto’ e pediram para que nós, segunda geração, plantássemos novas sementes. Iniciamos novos negócios, agora com mais estrutura, apoio, e aí iniciamos, junto com os acionistas e a consultoria da GoNext, um processo de novos desafios e aí assumi a presidência".  

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Base
De acordo com o especialista em governança corporativa e diretor-presidente da GoNext Governança e Sucessão, Eduardo Valério, as empresas que dão atenção para a governança da companhia com critérios técnicos bem definidos e metodologia científica, evitam conflitos familiares, identificam o sucessor adequado e garantem a longevidade empresarial. 

Eduardo Valério, especialista em governança corporativa e diretor-presidente da GoNext Governança e Sucessão

“A governança é maneira como a empresa é administrada; diz respeito aos processos, decisões corporativas, formulação de políticas, distribuição de direitos e responsabilidades entre o conselho, gerência, acionistas e partes interessadas. A governança não existe apenas em grandes corporações. Qualquer empresa, independente do porte, deve ter uma governança, que também será crucial para a aplicação de tomadas de decisões estratégicas, como a elaboração do planejamento sucessório, por exemplo”, explica Valério. 

“O processo de sucessão de uma organização exige ferramentas metodológicas técnicas e científicas capazes de colocar na mesa as competências e habilidades dos herdeiros. Com base no diagnóstico, os herdeiros são direcionados para as suas competências mais fortes e assim são definidos os seus papéis e responsabilidades no novo ambiente de sucessão”, completa o especialista.

Valério percebe na prática que os projetos vitoriosos são aqueles muito bem planejados com início, meio e fim. “É um trabalho que se constrói devagar, que precisa ser maturado, em conjunto entre sucessor, sucedido e todo o ambiente empresarial, para que no final, a transição de legado e poder ocorra de forma eficaz. O que acontece na Caemmun é um bom exemplo de projeto aplicado e bem-sucedido”, destaca Eduardo Valério.

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