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Startup cria móveis e revestimentos com resíduos têxteis

Revisado Natalia Concentino - 21 de Agosto 2023

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Quando ainda era estudante de arquitetura, a francesa Clarisse Merlet descobriu que a indústria da construção civil era uma das maiores poluidoras e consumidoras de energia do mundo. Foi quando ela decidiu que gostaria de fazer diferente. Seus primeiros protótipos envolviam a reciclagem de garrafas e copos de plástico, mas logo outra questão ambiental chamou sua atenção: o desperdício de têxteis.

 

“Percebi que a indústria têxtil era mal pensada no quesito reciclagem, sendo que o algodão possui propriedades relevantes para a área da construção, como um poderoso isolante acústico e térmico”, ela conta.

 

Em 2017, Clarisse apresentou seu primeiro revestimento produzido a partir de resíduos têxteis e venceu a premiação FAIRE Paris. Com o apoio do Pavillon de l'Arsenal, como é conhecido o Centro de Arquitetura e Urbanismo da capital francesa, nasceu a marca FabBRICK.

 

Hoje, a empresa conta com 12 funcionários e se propõe a transformar resíduos têxteis em revestimentos, objetos decorativos e até móveis, como escrivaninhas e estantes.

 

Sua tecnologia, patenteada em 2019, permite aproveitar praticamente qualquer tipo de tecido: primeiro, ele é triturado na granulometria desejada e, em seguida, resinado com um aglutinante 100% ecológico, à base de plantas.

 

Os revestimentos são o carro-chefe da marca, comercializados em cinco cores diferentes, com dimensões de 20 x 10 x 2,5 cm. Algumas peças de mobiliário também estão disponíveis para compra na loja online.

 

Além disso, a empresa oferece um serviço no qual recolhe os resíduos têxteis de uma determinada indústria e transforma-os em peças exclusivas para um projeto daquela marca, deduzindo o valor da matéria-prima.

 

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“Queremos conscientizar as pessoas sobre a oportunidade que a reciclagem de resíduos representa, além de desafiar aqueles que os produzem. Para atingir este objetivo, devolvemos às empresas os resíduos têxteis que produzem na forma de produtos de design ou decoração de interiores, para que tenham noção da quantidade de resíduos que produzem anualmente”, explica.

 

Um exemplo é a ação desenvolvida junto a Decathlon, na qual a FabBRICK reciclou mais 200 kg de excedente de produção na forma de divisórias acústicas para o novo escritório da empresa em Lille, no norte da França.

 

Em outro projeto recente, 95 kg de jeans foram reciclados na criação de dois assentos e uma mesa baixa para o novo showroom da Levis, em Paris.

 

“Nosso método de fabricação ainda é artesanal, mas estamos caminhando para um processo industrial, mantendo a nossa essência. Se hoje podemos fornecer nossos materiais para clientes em um raio de 100 km, amanhã, gostaríamos de montar uma fábrica em todas as regiões e países que produzem resíduos têxteis”, conclui a arquiteta.

 

(com informações umsoplaneta.globo.com) 

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