Startup de colchão em caixa deve faturar R$ 10 mi este ano
A Zissou, conhecida como startup do sono, anunciou que deve faturar R$ 10 milhões em 2019. Mesmo com apenas três anos de atividades e com sócios que não tinham um conhecimento prévio sobre colchões, a marca conseguiu reinventar o mercado brasileiro com o conceito “bed in a box” e hoje deve alcançar um resultado 40% acima do planejado.
"Se anualizarmos o nosso faturamento mensal, vamos passar dos R$ 10 milhões em 2019. Estamos 40% acima do que havíamos planejado para o ano", diz Amit Eisler, um dos sócios da Zissou, startup que fundou junto com o amigo de infância Ilan Vasserman, e Andreas Burmeister, que conheceu quando ambos trabalhavam na chinesa Xiaoming.
A Zissou começou a ser criada em 2016, quando Ilan decidiu que não iria trabalhar mais no mercado financeiro, onde atuou por quase uma década. Morando em Nova York, nos Estados Unidos, Ilan acompanhou a transformação da tradicional indústria do sono por empresas como a Casper, fundada em 2014, e Leesa, aberta no ano seguinte. Das duas, a Casper decolou e já está avaliada em US$ 1,1 bilhão. Ao lado da alimentação saudável, a qualidade do sono passou a ser um aspecto fundamental da vida moderna.
Com sede em Nova York, a Casper ficou conhecida por popularizar o método “bed in a box”, que consiste em empacotar na fábrica o colchão, para despachá-lo para a casa do cliente, em uma caixa de 45 x 45 x 110 centímetros, depois que o consumidor adquiriu o produto pela internet. Depois de reinventar a experiência de compra, a cadeia logística que faz o colchão chegar da fábrica ao consumidor, e o processo de produção, a empresa anunciou que faturou mais de U$ 400 milhões no ano passado.
Ilan chegou a se reunir com os fundadores da Casper para propor trazer a empresa para o Brasil. Mas 2016 foi um ano movimentado por aqui, com os protestos de caminhoneiros e o impeachment de Dilma Rousseff. Os americanos agradeceram o contato e disseram que o Brasil não estava nos planos da Casper.
De volta a São Paulo, Ilan chamou para uma conversa Amit, que atuava como líder do e-commerce da chinesa Xiaoming. "Ele me contou do modelo de negócios da Casper, que achei muito parecido com o da Xiaoming. Uma marca nativa digital, com modelo de negócios verticalizado, que corta os intermediários, para vender direto para o consumidor final, com construção de marca via rede sociais”.
Semanas depois da conversa, a Xiaoming anunciou que estava saindo do Brasil. Amit embarcou no projeto com Ilan e apresentou ao amigo, Andreas, que até então era diretor de vendas da Xiaoming. "A química foi imediata", diz Amit.
Descobrindo o mercado
"A gente mergulhou de cabeça nessa história do sono", conta Amit. Os três sócios investiram R$ 1 milhão para dar início ao projeto, entre dinheiro e horas de trabalho. "Havia um propósito que ligava a gente. Nenhum de nós queria voltar a vida corporativa."
Enquanto criavam a marca, começaram a estudar o mercado. Logo esbarraram em uma primeira dificuldade. "Há pouquíssima informação do varejo. Os dados sobre o mercado de colchões são em grande parte da indústria", diz Amit.
Segundo eles, no Brasil são vendidos cerca de 24 milhões de colchões por ano. A indústria fatura anualmente entre R$ 6 e R$ 7 bilhões por ano. "Estudando a cadeia concluímos que existe um múltiplo de quase cinco vezes entre a indústria e o varejo. Nas nossas estimativas, o varejo de colchão no Brasil fatura alguma coisa próxima de R$ 30 bilhões por ano", diz Amit.
Considerando os fabricantes de colchão, são aproximadamente 700 produtores. Como no Brasil, a logística é muito cara, uma grande parcela dos incumbentes tem atuação local. Segundo os sócios da Zissou, o líder de mercado detém entre 12% e 15% de participação no segmento.
"Concluímos que poderíamos ser um player nacional de um mercado de R$ 30 bilhões, vendendo pela internet, sem loja física, entregando o colchão dentro de uma caixa, sem ter fábricas e nem lojas espalhadas pelo Brasil. Se conquistássemos capturar uma fatia deste mercado, teríamos um negócio relevante", diz Amit.
A Zissou nasceu em maio de 2016. Levou mais um ano, até junho de 2017, para criar a marca, definir o posicionamento, e ter clareza do propósito da empresa. Definir o preço dos produtos foi outro desafio devido à falta de similares comparáveis no Brasil. A caixa que embala o colchão nasceu de uma parceria com a Klabin.
O colchão Zissou é embalado a vácuo e prensado com uma chapa de 60 toneladas. Depois é submetido a uma máquina que o enrola para caber na caixa de papelão produzido pela Klabin.
Essa tecnologia permitiu que a Zissou, numa jogada de marketing, enviasse para a Rússia, no dia 29 de junho, direto do Brasil, uma caixa portando um colchão para ajudar na melhora da dor nas costas do lateral-esquerdo da seleção brasileira Marcelo, em plena Copa do Mundo.
(Com informações do portal Startse)
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