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Startups criam logística para entregas do varejo em favelas

Revisado Natalia Concentino - 04 de Outubro 2022

De olho em um mercado de 36 milhões de pessoas que não têm acesso a entregas em domicílio, startups estão desenvolvendo rotas para inserir essa população ao mercado de delivery e de compras online. Muitas vezes esses consumidores nem têm CEP para serem localizados, o que impõe grandes desafios para a chamada last mile, entregas da última milha até a porta do cliente.

 

Um levantamento feito pelo Data Favela em parceria com o Instituto Locomotiva revelou que as favelas brasileiras, se formassem um Estado, estariam em quarto lugar entre os maiores do País. São 7 mil favelas, com um total de 17,1 milhões de moradores, que movimentam mais de R$ 180 bilhões por ano. Somando a outros moradores de regiões periféricas, o número de habitantes sobe para 36,2 milhões.

 

Quase 90% dessas pessoas são bancarizadas e conectadas à internet, mas 67% já deixaram de comprar online por não ter entrega disponível em seu endereço. É para ocupar esse vácuo no mercado que algumas startups estão apostando no last mile, como a naPorta, que cuida de toda a logística de entrega até a casa dos moradores de comunidades no Rio de Janeiro e em São Paulo. O sócio-fundador da empresa, Leo Medeiros, conta que era gerente de contas da Amazon quando começou a debater a sementinha da ideia com o cliente Sanderson Pajeú, hoje seu sócio na empreitada.

 

Operação

 

No modelo criado, cada região atendida conta com um ponto de apoio para processamento e roteirização das encomendas, que chegam de grandes empresas, como Renner, Riachuelo, Americanas, Mercado Livre e iFood. Já o caminho do posto até o consumidor final é feito pelos entregadores da startup, que são recrutados na própria comunidade.

 

“O ponto fica perto das áreas das comunidades, mas fora das zonas de risco, para que as transportadoras consigam chegar até nós ou para que possamos recolher nas lojas”, diz Medeiros, contando que quem organiza a logística entre o posto e o destino final é um líder operacional também da comunidade, responsável pela conexão da startup com moradores.

 

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Outra que aposta nesse segmento é a Favela Llog, uma parceria da gigante de logística Luft Logistics e a Favela Holding, grupo de 24 empresas de diversos segmentos, que movimentam cerca de R$ 63 bilhões por ano. A startup usa a capilaridade da Central Única das Favelas (Cufa) e o know-how de mercado da Luft para destravar endereços, fazendo a última milha para as principais empresas do e-commerce nacional.

 

De acordo com o CEO Thales Athayde, a empresa já existia desde 2014, sob o nome de Favela Log, mas não tinha expertise e sistema de logística para expandir. Foi depois da covid-19 que o empresário Luciano Luft entrou com o segundo “L” – e como principal acionista – para resolver o problema. “Quando veio a pandemia, a Cufa tinha de fazer muitas entregas de doações. Luciano é um antigo amigo nosso e veio somar para fazer o transporte das doações em todo o País”, diz Athayde.

 

Fundada em Bogotá em 2020, a plataforma de social commerce Muni também nasceu com o propósito de dar acesso ao comércio digital às classes C, D e E.

 

Segundo Thomas Endler, diretor comercial da empresa, os dois diferenciais do modelo estão no fato de a própria Muni ser um varejo online que compra mercadorias da indústria, o que encurta a cadeia e possibilita praticar preços até 40% mais baixos para o cliente final, sem taxa de entrega.

 

(Com informações Mercado&Consumo)

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