Tropeços em série deixam mercado em alerta com a Casas Bahia
Quem acompanha o fechamento da Bolsa brasileira (B3) está habituado com a presença das ações da Casas Bahia entre as que despencam com uma frequência exasperante. Em 21 dias úteis de setembro, por exemplo, elas estiveram nove vezes entre os três papéis que mais caíram nos pregões e lideraram as quedas em sete dessas nove ocasiões.
E o que está acontecendo? Em síntese, trata-se de uma série de números ruins que vem se acumulando – e engordando – com o tempo. A empresa acumula prejuízos por quatro trimestres seguidos. No primeiro trimestre deste ano, o rombo foi de R$ 297 milhões. No segundo, o buraco aumentou. Passou a ser de R$ 492 milhões.
Isso é o que se vê pelo retrovisor. Mas o que se coloca adiante, na avaliação de analistas de mercado, não soa muito mais animador. Em uníssono, esses especialistas afirmam que a companhia tem uma dívida pesada, com vencimentos polpudos no curto prazo, e um caixa fraquinho para fazer frente a tais compromissos.
Exposta em alguns números, observa José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, a situação ganha maior nitidez. No segundo semestre deste ano, o endividamento da companhia atingiu R$ 5,2 bilhões. O caixa, no mesmo período, ficou em R$ 874 milhões e seu valor vem caindo com o tempo. No segundo trimestre de 2022, estava em R$ 1,23 bilhão.
É o caixa
O problema, nota o especialista, é que a varejista tem dívidas de R$ 932 milhões para vencer no segundo trimestre de 2024 e de R$ 622 milhões no terceiro trimestre também do próximo ano. Ou seja, valores maiores ou próximos ao do caixa do segundo trimestre deste ano. “O fato é que a companhia não gera recursos suficientes para pagar os juros da dívida”, diz Daronco.
Gabriel Costa, da Toro Investimentos, destaca que as ações da empresa também recuaram de forma intensa, em 13 de setembro, quando a Casas Bahia foi ao mercado tentar obter dinheiro novo. Nessa data, ela promoveu uma oferta pública de ações (follow-on, no jargão). “O objetivo era conseguir cerca de R$ 1 bilhão”, diz Costa. “Mas ela obteve R$ 620 milhões. Isso pode até ter dado algum alívio imediato ao caixa, mas ficou muito abaixo do valor pretendido.”
Saia justa
O corte da S&P provocou uma nova saia justa. Por causa da redução da nota, parte dos credores da Casas Bahia poderia ter exigido o pagamento antecipado de dívidas – no caso, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Eles, contudo, optaram por não exercer esse direito. “Isso trouxe um alívio momentâneo à empresa”, diz Costa. “Mas ela teve de oferecer aos detentores dos CRIs uma remuneração adicional, além do pagamento de um prêmio.”
Fonte: metropoles.com
Comentários