Varejo ameaçado pela evolução tecnológica
Além dos cortes feitos pelas grandes redes para crescer a produtividade dos funcionários e compensar a queda nas vendas por causa da recessão, o emprego no varejo está ameaçado pela evolução tecnológica. Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, disse que os avanços do comércio eletrônico e das vendas por telefone podem complicar mais um cenário que já é desfavorável para o emprego no setor por conta da crise. Entre janeiro e julho foram homologadas na cidade de São Paulo demissões de 71.212 trabalhadores no comércio. É um número apenas 1,5% menor do que no mesmo período de 2015. No ano passado inteiro, o total foi de 117.199 homologações.
Uma demissão é homologada, isto é, a rescisão do contrato de trabalho passa pelo sindicato, quando o funcionário está há mais de um ano no emprego. “Temos agora dois problemas que nos preocupam: crise e vendas pela internet”, disse o presidente do sindicato. O avanço da internet é nítido, por exemplo, nos resultados do Magazine Luiza, gigante do varejo de eletrodomésticos e móveis. As vendas online responderam por quase um quarto do faturamento total da companhia no segundo trimestre de 2016, que foi de R$ 2,56 bilhões.
Frederico Trajano, presidente da varejista, disse que o projeto da empresa é se transformar numa loja digital com pontos físicos de venda. Para ganhar produtividade, ele contou que o plano é equipar com um smartphone cada vendedor dentro das lojas físicas para que ele possa realizar todas as operações e reduzir o tempo do processo de venda, que vai da baixa no estoque ao pagamento. O tempo poderá ser reduzido de 45 para 5 minutos. “Vamos transformar dois mil caixas em vendedores.” Questionado se o projeto deve resultar em demissões, Trajano respondeu que vai “precisar de mais gente capacitada para gerar receita”.
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