Venda de bens duráveis cresce acima da média
As vendas de bens duráveis têm corrido em ritmo bem acima da média do varejo. Segundo dados compilados pela LCA Consultores, a alta dos segmentos ligados ao crédito é de 9,9% no acumulado em 12 meses até abril, contra um crescimento de 2,6% entre os itens mais dependentes de renda, como combustíveis e supermercados.
A tendência vem desde o ano passado, mas a liderança das compras a crédito vem se ampliando e hoje está em 7,3 pontos percentuais. Com a reação frágil do mercado de trabalho e a perda de fôlego após abril, a tendência é que os setores mais sensíveis ao crédito sigam liderando a alta das vendas neste ano, compensando, ao menos em parte, o desempenho mais fraco do que o previsto do rendimento real.
Nas previsões dos analistas, o volume vendido pelo comércio ampliado deve aumentar entre 3% e 5% em 2018, depois de subir 4% em 2017. Para economistas, depois de um longo período de crise em que o consumo de bens duráveis foi postergado, as famílias estão voltando a comprar esses itens para substituir os que ficaram obsoletos nos anos de recessão. Ajudam nessa recomposição o ganho de confiança dos consumidores ao longo deste ano, ainda que modesto, assim como a redução nas taxas de juro para o crédito à pessoa física e o menor nível de endividamento das famílias.
"Nesta saída de crise, é natural que as famílias optem por adquirir bens mais caros, seja para trocar de carro, reformar a casa ou até mesmo atualizar o guarda-roupa", disse Paulo Robilloti, economista da LCA e autor dos cálculos.
Para Isabela Tavares, analista da Tendências Consultoria, a queda já observada da taxa Selic ainda deve ter efeito sobre os juros ao consumidor por ao menos mais três trimestres, os bens duráveis vão continuar a impulsionar o varejo neste ano, avalia Isabela. Já o crescimento tanto da ocupação quanto da renda vem surpreendendo para baixo, o que dita um ritmo mais modesto para setores como supermercados e artigos de uso pessoal.
Por isso, a Tendências trabalha com alta de 2,5% para o comércio restrito em 2018, ante 4,5% para o varejo ampliado. Os números eram mais positivos antes da divulgação do PIB do primeiro trimestre e da greve de caminhoneiros: 3,2% no restrito e 4,7% no ampliado.
Após a divulgação da pesquisa mensal de comércio de abril, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) elevou em 0,3 ponto, para 5%, a estimativa para a expansão das vendas ampliadas este ano. A estimativa havia caído com a greve, mas voltou foi revista a partir de uma visão menos pessimista sobre a extensão dos efeitos da paralisação.
Apesar da tendência positiva para os bens duráveis, os consumidores já estiveram mais animados. Pesquisa de junho da CNC mostrou alta de 17,5% no quesito "momento para duráveis", na comparação com igual período de 2017 - na variação mensal, porém, houve recuo de 1,1%. Já a intenção de compras a prazo subiu 14,6%, mas recuou 0,3% na margem.
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