Vender móveis já foi bom negócio
Quando analisamos os resultados financeiros das empresas que vendem móveis, listadas na Bolsa de Valores, o que fica mais evidente é o prejuízo no balanço, comum a todas. Lá estão Mobly, Westwing, Via Varejo, Magazine Luiza, Quero-Quero... reportando dados negativos na última linha do balanço e, com isso, vendo suas ações desabar na Bolsa. No 2º trimestre, o prejuízo da Mobly subiu quase 64% a R$ 27,8 milhões. A Westwing reverteu o lucro anterior em prejuízo de R$ 8,73 milhões. A Via saiu de um lucro de R$ 132 milhões entre abril e junho 2021 para um resultado positivo de apenas R$ 6 milhões, no mesmo período de 2022. O Magalu apresentou prejuízo líquido de R$ 135 milhões no segundo trimestre deste ano. E a Quero-Quero, com menos exposição do segmento moveleiro, atingiu prejuízo de R$ 4,4 milhões, ante lucro de R$ 16 milhões na comparação com o mesmo período do ano anterior.
E o problema não tem prazo para se resolver. Sem ponto de virada à vista, o Bradesco BBI rebaixou Lojas Quero-Quero e Mobly, sob a perspectiva de deterioração das tendências de vendas e um período longo, de anos, para atingir o ponto de equilíbrio. Parece a antiga história: se você vê uma luz no fim do túnel, pode ser uma locomotiva...
Sem ações na Bolsa, MadeiraMadeira anuncia venda de eletrodomésticos e material de construção, lembrando que a startup começou vendendo pisos. Será que é pelas dificuldades de ganhar dinheiro vendendo móveis também? Talvez, mas para embaralhar a análise, a MadeiraMadeira acaba de anunciar a compra de um e-commerce de móveis infantis. Vai entender...
Voltando ao ponto, para responder à pergunta se vender móveis não é um bom negócio, é preciso bem mais do que apenas um comentário de dois ou três minutos. Mas dá pra resumir: O modelo de negócios “perde-perde” vive alavancado e cada vez mais dependente do preço baixo; coisa do passado, considerando os altos custos de produção gerados a partir da pandemia. Vender móveis sempre foi um bom negócio, mas deixou de ser por culpa de gigantes do varejo, que não estão interessados em vender soluções para as necessidades dos consumidores.
E, cá entre nós: Todos sabemos que quando não prestamos a devida atenção ao consumidor, não entendendo quais são seus anseios, desejos e necessidades, ele se vinga comprando outras coisas, privilegiando quem demonstra estar interessado e, neste particular, o setor de tecnologia dá de 7 a 1. E vamos trocar de smartphone de novo...
E, antes de encerrar meu comentário, vou responder aos poucos que perguntaram por que não publicamos a notícia sobre a ação da Polícia Federal contra oito empresários, inclusive um do setor moveleiro. Na época da ditadura militar, como jornalista, fui chamado diversas vezes a uma unidade militar para dar explicações sobre opiniões no jornal em que eu trabalhava, emitidas por terceiros e às vezes por mim. E minha resposta ao comandante militar invariavelmente era: sempre defenderei o direito de opinião, independentemente de concordar ou não com ela porque isso é democracia. E vale aqui na Móveis de Valor. Não publicamos a notícia porque não compactuamos com este tipo de atitude do ministro Alexandre de Moraes. Simples assim.
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