Grupo avalia maior investimento desde 2014
A Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio, prevê investir R$ 506 milhões este ano. Se concretizado, o montante será o maior aplicado desde 2014, quando apareceram os primeiros sinais de crise no varejo brasileiro. O valor, que representa uma expansão de quase 67% sobre o investimento de 2017, ainda precisa ser aprovado pelo conselho de administração da companhia.
Os dados foram apresentados pela Via Varejo antes do anúncio de mudanças no comando do grupo. Há alguns dias, foi anunciado que Peter Paul Estermann, que presidia a Via Varejo desde outubro de 2015, vai comandar o Grupo Pão de Açúcar (GPA), substituindo Ronaldo Iabrudi, que permanecerá no conselho da empresa, dona das redes Pão de Açúcar, Extra, Assaí, Ponto Frio e Casas Bahia.
Para suceder Estermann na Via Varejo, o Casino elegeu Flavio Dias, um executivo de 41 anos que liderou a transformação digital da companhia. A escolha coloca um diretor-presidente com DNA digital no comando de uma companhia de varejo tradicional que tem acelerado a transição do tijolo para o online — e deve ajudar a Via Varejo a aproximar sua narrativa àquela do Magazine Luiza. O valor de mercado da Via Varejo, que em 2015 era quase cinco vezes o do Magazine, já chegou a ser metade no pico das ações do concorrente. O desafio de Dias será fazer o valor da Via Varejo na Bolsa refletir a liderança que a empresa tem no setor.
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Investimentos em tecnologia
O que chama a atenção e liga os dois movimentos do grupo é o fato de que a metade do investimento previsto para este ano cerca de R$ 250 milhões - ser destinada à área de tecnologia. O montante é recorde para esse departamento, desde que a empresa foi criada em 2009, com a união de Casas Bahia e Ponto Frio. Em 2017, a área recebeu R$ 154 milhões.
Ontem, em relatório a clientes, o BTG Pactual destacou a necessidade de a empresa manter desembolsos altos nessa linha para tentar manter competitividade. O saldo de caixa da companhia em dezembro era de R$ 3,5 bilhões, versus R$ 4 bilhões um ano antes.
Varejistas como B2W e Magazine Luiza têm ampliado rapidamente os gastos em tecnologia, na busca pela criação de operações com foco digital, área que tem recebido mais recursos até do que os planos de abertura de lojas. Na Via Varejo, a estimativa é de R$ 150 milhões em investimentos em novas lojas e reformas (foram R$ 100 milhões em 2017). Os R$ 100 milhões restantes devem ser aplicados em "outros projetos" não informados. Os recursos destinados aos pontos devem sustentar uma retomada de aberturas, após desaceleração na expansão orgânica entre 2015 e 2017.
Resultado financeiro
De acordo com o balanço financeiro divulgado pela empresa ontem, a Via Varejo registrou lucro líquido de R$ 129 milhões no quarto trimestre, refletindo um crescimento de dois dígitos nas vendas, além de esforços para controle de despesas. Na base por forma ajustada pela consolidação dos canais online e lojas físicas, a companhia conseguiu reverter uma perda de R$ 251 milhões no último trimestre de 2016. Sem ajustes, o resultado do quarto trimestre de 2016 tinha sido positivo em R$ 13 milhões.
No resultado acumulado do ano de 2017, a Via Varejo lucrou R$ 195 milhões, ante prejuízo líquido pro forma de R$ 1,013 bilhão em 2016, de acordo com o balanço.
Entre os destaques dos números da empresa, estão os resultados somente de outubro a dezembro, quando a receita líquida atingiu R$ 7,44 bilhões, alta de 13,9% ante o quarto trimestre de 2016. De acordo com o que a companhia no relatório financeiro, os valores revelam uma “excepcional Black Friday” e indicadores operacionais também positivos no período do Natal.
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Outro highlight no relatório é sobre como a implementação da estratégia multicanal permitiu à Via Varejo reduzir a relação de despesas gerais e administrativas sobre a receita a 25,4% ao fim de dezembro, ante 27% em igual período um ano antes.
A Via Varejo ainda apurou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 517 milhões nos últimos três meses de 2017, alta de 10% na comparação anual. Já o Ebitda ajustado, excluindo outras receitas e despesas operacionais, foi de R$ 523 milhões ante R$ 144 milhões no mesmo período de 2016.
A companhia, que detém as bandeiras Pontofrio e Casas Bahia, encerrou 2017 com posição de caixa líquido de R$ 4,465 bilhões, incluindo a carteira de recebíveis, um saldo R$ 677 milhões superior ao observado no fim de 2016. Consequentemente, o endividamento medido pela relação caixa sobre Ebitda caiu a 2,8 vezes, ante 6,3 vezes em 31 de dezembro de 2016.
Expectativas para 2018: novas lojas Smart
Para 2018, a Via Varejo cita “expectativa positiva”, com planos de expandir em 80 unidades a rede de lojas no novo formato Smart e também a de lojas premium, bem como concluir a implementação do programa Movve 2.0, entre outras iniciativas. “Continuamos com nossa estratégia de otimizar nossa plataforma de marketplace e, até o final de 2018, tornar a Via Varejo o one-stop-shop dos sellers, com um portfólio diferenciado e único no Brasil, em porte e nível de serviço”, destacou o documento da empresa.
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